quinta-feira, 16 de junho de 2011

Então vai ser só o amor.

E começo assim com o nada, com a folha em branco e o pensamento livre. A alma presa em meus sonhos que não tenho força pra realizá-los. É o amor que me expulsa pro mundo, é a poesia de tudo que eu gosto que me emociona e de certo não sei o que estou querendo dizer, mas digo, pois me quero assim: dizendo.  As perguntas me cometem, é a duvida que me confia a vida. Mas em algum momento desta ou de outra vida vai aparecer respostas. Será que preciso morrer pra enfim me conhecer?  Já conheço tanta coisa, tanta gente, tanta musica tanto livro de que mais preciso? Volto ao amor acho que no fundo quero falar disso.  Que amor ainda não me conhece? Ouço a todo o momento que o amor que eu tenho é o errado, mas porque Deus me escolheu pra senti-lo? Talvez não seja o amor certo, mas é o amor que eu dou em entrega junto com minha alma. Esse é o amor que só alguns possuem. Não quero mais ouvi isso. Quero amar  tudo ate não sentir mais amor, então por acaso sentirei o não-amor? Amar é difícil, amor dói, engana, dilacera, corta. Amar muda a gente.  Amar é soberbo. Eu não quero amor de ninguém quero apenas o meu amor. Pelo menos vou ser ludibriado por mim mesmo. Esse vai ser meu próprio desacato. Minha única válvula e escape pro nada que me chama.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sem rédeas

Eu sou exato, sou indomável, sem rédeas, sem tempo, sou simples como uma folha de papel branco. Meu eu é desumano ele me golpeia, me machuca me deixa marcas e me mostra todos os dias que ele é o dono de mim. Esse é o paradoxo de minha alma. Sou livre quando meu eu está esquecido na eternidade. Mas ele volta, ele reaparece das cinzas como fênix. Então volto a ser dele. Não me pertenço mais. Nasci esperando o fim. Só dormi pra ser acordado. Matei-me. Entreguei-me ao irreal. Meu eu é frio e atroz, precisa de mim vivo pra me afligir. Sádico. Não sou exato, não sou indomável, tenho rédeas sim, tenho tempo, não posso ser simples. Eu sou o nada que minha figura dramática quer.

domingo, 12 de junho de 2011

A desordem é essencial


Eu almejava conhecer-me sem ao menos saber meu nome. Eu era como um estranho morando em um lugar compelido por mim mesmo. E fazia frio. Não aquele frio limpo, natural do inverno, mas aquele frio que dói que rasga que corta e adentra nas entranhas e que de tão frio vira suor. Essa sensação me parecia soberba, mas logo me lembrava que não gostava de meios termos. A impressão havia de ser fria ou quente. Imaginava-me extremamente hostil, mas isso de fato não me incomodava tanto como minha maneira de sofrer. Eu sofria como se o sofrimento pela aquela causa fosse à coisa mais importante no mundo. Por isso havia épocas que não tinha vontade de fazer nada, nem de ver ninguém, pra mim seria humilhante compartilhar e mostrar minhas dores, seria como uma estaca no peito, preferia a morte  a mostrar medo, fraqueza. Preferia ser forte, achava mais bonito mostrar força. Quando que na verdade via minha vida como um abismo, não tinha forças pra lutar comigo mesmo. Houve um tempo que meu sofrimento, minha alienação em relação ao mundo era tanta que lia livros compulsivamente eles me davam uma sensação ilusória de que estava vivendo em outro mundo. Rezava a todo o momento-mesmo não acreditando num Deus exato- para que a noite chegasse logo e com ela a madrugada para eu fumar meu ultimo cigarro do dia e ir dormir e não ouvir nenhum barulho mais. Queria dormir pra sempre. Desejava tanto nascer na hora que eu bem quisesse e me entendesse, e me aceitasse. O nascimento é fatal. Eu poderia ser o ponto final. Mas sempre fui a vírgula. Sempre fui a pausa. Estúpida pausa. Eu não cabia no mundo muito menos em meu corpo. Eu era pequeno demais pra grandiosidade e pra rebelião de minha alma. Mas mesmos nesses momentos de tristeza profunda ainda sim conseguia as vezes esquecer que eu existia e me afundar em alguma garrafa, e viajar na inconsciência da loucura, era sublime não morar por pelo menos alguns momentos em mim. Mais logo vinha à realidade, vinha o espelho me obrigando a olhar-me de olhos bem abertos. Por alguns segundos me olhava com tanta agonia, com tanta dúvida, com tanta indiferença que caia em prantos, era melancólico demais não me ter em mãos, não ter o comando do meu eu. No fim de tudo me comparei a algo que nem eu sabia de certo o que era. Tentei acomodar-me, mas era conflitante minha existência. Segui um trajeto doloroso até o conhecimento de mim, continuo seguindo.  Mais que nunca tenho certeza que nasci errado, mas extremamente pronto. Talvez seja esse o motivo de minha desordem: de tão pronto já nasci morto. E todo o espaço que me é dado é pequeno demais para minha vastidão.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Âmago

Há um pouco de mim na minha própria dúvida. Estou me descolando de mim. Meu corpo se sobre sai de minha alma e meus pensamentos estão atrás de outros pensamentos. Meu âmago é minha esperança. Nunca apareço em meus sonhos. Nunca me reconheço. Sinto que estou desaparecendo, estou me desprendendo do meu coração. Sinto que quero não sentir mais nada, ou apenas não sofrer. Quero apenas olhar. Então fico enternecido ao olhar para isso tudo. Mas não choro. Preciso ser forte, pois estou crescendo. Estou formando idéias, estou atuando no meu eterno teatro.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O jovem e o homem


Eu sou um jovem, sou um jovem homem a procura do algo infinito. Sou o homem. Sou a ameaça. Vi-me nos mais remotos pensamentos, me obriguei a viver tudo e comecei tudo outra vez. Repito-me e me ouço. Quero agora e sou apenas um jovem. Sinto-me homem. Enxergo os exageros da alma. Anseio o poder. Me olho e sou o jovem. Sou o jovem perdido no corpo de um homem. Sou velho. Minha idade escorrida torna-se pessoa. Minha idade tem corpo, tem cara, tem sentimentos, tem órgãos só que não a vejo. Escondo-me. Não tiro fotografias, prefiro não saber quem sou. Não tornei o que almejava e já sou homem. Fui jovem hoje a tarde, acordei novo em folho: disposto. Morri velho. Minha alma é minha idade. Estou conflitado não sei falar do tempo. Hoje, ontem, agora , ontem e sempre: sou todos. Saio e volto agora. Tenho relógio no pulso. No relógio tem números e ponteiros. Meu relógio é quadrado. Não sei olhar as horas só sei senti-la não sei vive-la  mas á enxergo todos os dias no espelho, ela está nítida nos poros da minha cara, isso basta. Vinte e quatro horas vivendo a mesma pessoa no mesmo corpo com emoção diferentes isso é tempo, isso é hora. Enxergo-me jovem novamente. Meu tempo foi vivido por mim. Fiz-me velho de novo. Meu corpo e alma trabalham para o tempo. Estou envelhecendo. Minha alma jovem envelhece bem na minha cara,bem na minha frente. O tempo é sincero.

sábado, 4 de junho de 2011

:

Vou beber o último resquício de mim nesse exato momento. Sem escrúpulos e sem misericórdia, sem pudor vou embebedar-me. Desnudamente alterado, estou sendo alcoolizado pelas minhas atitudes que se transformaram em um arraso venenoso. É puro mais é corrosivo. Abrangente são as possibilidades de me matar. Mergulhado em problemas perigosos que eu me coloco, pois não sei viver sem arriscar. Talvez o medo se transforme em caminho mais prefiro ficar de olhos fechados e amar o impossível. Mais rara é a perda do que nunca se teve. Ócio violento que toma conta de minha alma nos instantes que passam devagar.  Acho que sei muito, mas me perco em tentar usar todo meu conhecimento ilusório. Olham-me com piedade, mas esquecem de não me machucar. Algumas de minhas feridas foram cicatrizadas, mas ainda não as esqueci. A tristeza é mais real que a felicidade, por isso ela vem sempre intensificada e densa e suja e limpa. Lágrima por lágrima sai do meu olho marrom e escorre por entre meu corpo e meus sonhos que foram perdidos no espaço. O bom é obvio demais para mim, então me é mostrado o errado. Caminho fácil, proposta tentadora e palpável, pois erro. Encosto sem ver em paredes frias de concreto e então a porta bate, o temor entra, a vida foge e agora enxergo a não-vida. O colorido que nunca existiu fica transparente e já não posso confiar em nada. Todas as lágrimas violentamente seguem o caminho de volta, pra onde jamais deveriam ter saído. Tudo fica calmo novamente pelo menos no instante que delicadamente fecho os olhos pra tudo que não me comove. Num instante criativo imagino como seria algo que ainda não sei o que é, é estranho mais muito excitante pensar no que não existe em minha vida. As dúvidas que eu tinha ainda continuam a me assombrar, percebo: eu sei quase nada. Volto pra algum plano limpo e coeso, pois me querem assim, mesmo eu não o podendo. São tantas as dificuldades que não se tornam fáceis.  Sinto uma dor que chega a ranger a medula guardada em meus ossos. É a dor do dia após dia viver sem saber, mas imaginando o que se pode ocorrer. Linda a paisagem que vejo da janela, mas extremamente perigosa, e mesmo assim saio de casa para o encontro do que me fere, do que me machuca. É a regra da vida, necessidade humana, só vive quem se perde. Eu ainda não sei me perder.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Eu sou o meu próprio paradoxo, eu sou a dúvida da resposta, eu sou a mente a procura do algo. Sou jogado no infinito dos meus sentimentos, sou movido pelos meus órgãos que trabalham em união pela minha sobrevivência. Sou as dores do mundo, sou a falta de ar do planeta, sou a poluição das grandes cidades, sou a besteira da TV, sou os mendigos de rua. Olho-me e me espanto, virei uma aberração de mim. Criei-me na minha dor, me soltei na rua e não voltei. Brinco com o presente e com o futuro das pessoas. Eu me livro dos estereótipos (só na minha cabeça é claro), me recordo apenas dos autores e atores de livros e filmes, nunca das historias. Sou a comédia do drama, o choro de alegria. Sou a frieza do deserto quente. Jorro-me como sangue em cachoeiras imaginarias, sou a pedra que sua cabeça bate e te corta e dói. Eu só não virei à pessoa, só não sou eu. Viro e me reviro em milhares de coisa, sou um monte de coisa, sou o que você quiser, só não tente me decifrar, pois ficará o resto da eternidade tentando me pluralizar e sinto muito, não vai conseguir, eu sou além do que você possa imaginar sentir ou ser. Eu estou no meio de tudo que você pensa, olha e faz.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Que minha solidão me entenda que meu corpo permaneça me agüentando, que minhas mãos continuem ativas e meus olhos a par de tudo. Que eu permaneça voraz e impaciente. Que eu continue rezando sem entender, que eu possa amar muito e sem medo. Que eu acorde sempre mal humorado e mesmo assim acorde. Que minha voz possa ser ouvida e meus ouvidos possam ser tapados para o que não me emociona. Que o perfeito possa ser imperfeito, que o errado seja o novo certo. Que eu possa morrer e conhecer o que me espera que meu futuro seja brilhante e a mercê de meu destino. Que meus dias continuem escarpados e que eu possa fumar meu ultimo cigarro do dia e me deitar para começar tudo de novo. E que o “todo de novo” seja cada vez mais novo e excitante. Amém

quarta-feira, 1 de junho de 2011


Vou seguir a luz azul que me chama pela janela.Vou quebrar regras, atirar palavrões, destruir provas, ultrapassar barreiras. E depois me mato e me perco, me desespero. Nasço de novo. Grito. Eu era ontem, não o sou mais. Hoje resolvi ser a solidão. Quero o só. Busco-me. Estava por ai, mas já voltei não consigo ficar longe do que me constrói dia após dia. Assisto da primeira fila o filme de minha vida. Como estou diferente do que pensava. Estou amordaçado por pobres seres humanos piores que eu. Saio. Encontro com meus melhores inimigos. Adoro-os e elimino-os. Delicadamente acessível me transformo na melhor e mais feliz pessoa do mundo e logo em seguida acordo do sonho infeliz. Maldito o sonho. Eu não posso, mas vou. Vejo e ando. Sinto e adormeço. Eu quero o que eu queria amanhã. Só terei o que Deus permitir. Li o meu destino e ele estava escrito nas paredes dos meus pesadelos. Bem lá no fundo de minha alma, junto com a imundice estava meu sórdido destino. Jogo-me ao lixo e ao meu destino os misturo e pronto: meu futuro virou detrito. Choro até querer morrer. Mas não morro. Permaneço estranho e voraz. É doloroso saber onde se vai parar e mesmo assim não parar. Necessito urgentemente de uma pausa, de um descanso eterno. Preciso nascer de novo o mais rápido possível ou então vou morrer de desespero e amargura. Não me mostre fotos, prefiro o real. Atitudes valem mais que palavras. Destino é melhor quando já vem pronto. Eu não posso mudar meu destino eu sou isso ai que ele quer. Erro-me em mim mesmo, cicatrizes enormes em minha testa, mostram o ser humano maravilhoso e imperfeito que sou. Que ótimo, agora estou me digerindo com mais elegância e concordância. Fiz-me melhor à custa do pior de mim. Reencarno no meu próprio destino. Existo em dose dupla a partir desse comovente instante. O tempo é sádico e realista. Momento eu sou eu, momento eu sou outro. Estou me venerando e amando sentir tudo em dobro, amo sentir seja lá o que for. Não preciso de nome nem de roteiros. Eu me basto e me paro quando quiser. O pai de minha alma sou eu mesmo e isso é o melhor de nascer. Morrer é submissão.