terça-feira, 23 de agosto de 2011

Projeto



E eu sinto todos os medos na pele e eu morro de frio. Congelo-me, me queimo, me transformo. Invado-me. Torturo os pobres, amordaço bocas, beijo olhos. Olho pensamentos. Sinto o desejo e o tempo correndo como se fossem rivais e amigos e irmãos. E só eu me paro, acalmo a alma eu sou a razão de minha própria sobrevivência. Eu me trabalho como se fosse um projeto, uma maquete de nada, construção de ser humano. Sou o humano. Eu fui hoje e ainda quero tudo que esse segundo pode me dar. Nada me é em vão. Receio do viver acordado. Fechar os olhos e ter receio. O mundo continua a rodar e me manipular. Crianças continuam nascendo, pessoas permanecem sem esperanças. Evoluímos, descobrimos coisas, a ciência em progresso. Alguns felizes outros não. E eu aqui parado no meio do planeta no meio da rua no meio do mundo no meio do meu quarto no meio do meu corpo com o coração aberto e em prantos e com um leve sorriso irônico na cara, batendo palmas pro belo espetáculo que é minha vida.