terça-feira, 30 de agosto de 2011

Criatividade corrosiva



A criatividade corrosiva dos meus atos que tem me deixado vivo e sagaz.
São meus verbos e predicados mais errados que me fazem descobrir novas palavras. 
É da minha crueldade que conheço o ser humano vivo em mim.
São meus pecados que conduzem ao acerto e as verdades.
Os elogios dissimulados dos que só me querem agora, me mostram fugas.
E eu volto por caminhos sem placas e sem mapas em busca do algo perdido.
E são essas buscas que me expõe ao novo.
Eu passo por tudo quando fecho os olhos pro que me assusta.
Eu amo os medos, os defeitos, os maus feitos, as cicatrizes, o que está aberto em chamas e se arriscando.
Meus atos são criativos, corrosivos e imperfeitos.
Eu a cada dia me torno mais criativo, corrosivo e imperfeito.
Minhas imperfeições são a linha tênue entre eu os demais.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Projeto



E eu sinto todos os medos na pele e eu morro de frio. Congelo-me, me queimo, me transformo. Invado-me. Torturo os pobres, amordaço bocas, beijo olhos. Olho pensamentos. Sinto o desejo e o tempo correndo como se fossem rivais e amigos e irmãos. E só eu me paro, acalmo a alma eu sou a razão de minha própria sobrevivência. Eu me trabalho como se fosse um projeto, uma maquete de nada, construção de ser humano. Sou o humano. Eu fui hoje e ainda quero tudo que esse segundo pode me dar. Nada me é em vão. Receio do viver acordado. Fechar os olhos e ter receio. O mundo continua a rodar e me manipular. Crianças continuam nascendo, pessoas permanecem sem esperanças. Evoluímos, descobrimos coisas, a ciência em progresso. Alguns felizes outros não. E eu aqui parado no meio do planeta no meio da rua no meio do mundo no meio do meu quarto no meio do meu corpo com o coração aberto e em prantos e com um leve sorriso irônico na cara, batendo palmas pro belo espetáculo que é minha vida.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Texto para a solteirice

Que me venha à solteirice e com ela todos os amores, desafetos, desapegos emoldurados com a liberdade de receber sem doar.  Que a solteirice me beba como se eu fosse um whisky quente e sem gelo, que desce rasgando alma abaixo.  A arte da solteirice me expulsa pro mundo. E eu passo por todos os amores e sexos e gozos que a liberdade de poder ter tudo me presenteia.  Quero amor de tudo que não me pode ter em mãos, pois sou livre e solteiro pra tudo que não me comove.  E involuntariamente vou percorrer por todos os caminhos que meu livre-arbítrio quer. Minha solteirice oscila entre a carência e a solidão, ser sozinho é um luxo! E não quero saber nem hoje nem amanhã de sentimentalidade barata nem cartões com declarações de amor de quem me ama só agora. E não assino qualquer contrato de monogamia que não posso cumprir, que fique avisado.Ser solteiro é todo dia ter uma historia nova. Venha-me solteirice, e com você tudo o que ainda não conheço. Que venham os secretos, os escondidos os sujos de cara limpa. Solteiro não trai, não liga no dia seguinte, não discute relação e nem é convidado pra festas de família. Solteiros fazem parte sem perceber de um comercio criado só para eles: livros de auto-ajuda para solteiros, bares para solteiros e mais um monte de besteira englobada e destinada aos estereótipos de solidão.  E nós totalmente idiotas e ludibriados por isso adquirimos tudo na ânsia de querer ser amado por alguém. Pra todo esse comercio de merda quero gritar um NÃO bem alto e dizer que não preciso de nada disso, ser solteiro ultimamente tem me trazido algumas glórias, e não quero abrir mão disso. Meu coração está novo em folha pro futuro, pras musicas que ainda não ouvi, pros filmes que ainda não assisti e quero assistir SOZINHO, as viagens que ainda não fiz, as poesias que não conheço e que ainda vão me emocionar. Vou presentear minha solteirice com isso tudo.  Hoje, amanhã, depois de amanhã e provavelmente depois de depois de amanhã vou chegar em casa solteiro, deitar na minha cama de solteiro, ler o ultimo capitulo de um livro, fumar vários cigarros e adormecer acalentado pelo prazer de ser solteiro, pelo despudor e desapego que a minha solteirice me proporciona.

domingo, 7 de agosto de 2011

O verbo

O que me importa? Em que me baseio? Morro. Nasço. Sou o muito do fim. Grande. Sou mil contradições, sou uma contradição apenas. Que contradição é meu ser. Sou pequeno. Fiz-me um pouco virei muito, voltei ao pouco. Nada de novo. Altero-me, abro os olhos, bebo a vodca, respiro o ar preto, vejo a luz azul, observo as faces, passo por fases. Que luxo, virei um sorriso. Que alegre estou e nem sei por quê. Simplesmente estou. Lindo. Que volúpia é meu sentimento. Pornográfico (Puto). Cheguei com a vontade, fui embora. Voltei pra dentro de mim. Não sou domesticado. Não sou mais sorriso agora sou frieza, sou cara feia. Ódio. Odeio sentir ódio. Amo sentir. Meu corpo está dentro do caixão. Choram por mim. Flores, lágrimas, eu estou morto. Meu corpo morreu. Minha alma ficou órfã. Meu coração, coitado. Nasci. Saio de dentro do útero, da placenta, do sexo, da barriga, do ventre de um ser. Eu sou o ser de um ser, devo achar isso magnífico ou não? Sim, eu não sei. Estou no mundo. Morri pra nascer, nasci pra morrer de novo. Não entendo. Nasci no crepúsculo. Morri no quarto escuro. Não. Minha alma é não. Chega. Volto a viver. Prefiro viver. É perfeito o sentir. Aperto minhas mãos. Estou quente. Cadê meu sexto sentido? Basta. Eu me basto e não me entendo.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Mudo?

Estou no meio do meu quarto que é o meu mundo, com um cigarro na mão e a outra com um livro. “Pure Morning” toca baixinho no som, e eu olho pros meus amigos presos no meu mural e penso em tudo que tenho doado em troca de tudo, em troca de nada, em troca de quase. Bebo o café que já está frio, mando uma mensagem pelo celular, leio meus e-mails de semana passada e me dou conta que o mundo, o tempo, meu tempo tem escorrido pelas minhas mãos e eu não tenho força pra segura-lo nem pará-lo, prefiro continuar com o cigarro aceso. Acabei de ler a frase “existe tristeza na felicidade” e fico chocado como a verdade é sádica. Estou emotivamente mais vulnerável ao cruel que existe em mim. Sem ver choro lágrimas invisíveis que não conseguem sair de meus olhos. Estou mudo. Neste momento estou mudo pro que não me faz feliz. Ou seja, estou mudo pra sempre. Pausa, uma tragada, um gole de café.... estou mudo pra sempre???

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ausente

Voltei pra noite imunda voltei pro meu corpo. Tinha desaparecido de mim. fui me buscar no infinito, fui me encontrar, fui ser forte me tornei fraco. Foi ser louco, insano. Fiquei nú. Despi-me de conceitos e valores. Vivi até a morte, e depois dela também. Vivo pra morte, sonho com o encontro dela com minha alma. Não há vida sem morte. Não há sonho que não posso ser realizado. Nada é impossível. Minha vida é só o começo da minha morte. Espero-me e me encontro. Abro olhos, ainda estou vivo, ainda nessa procura lastimável. Choro até querer viver de novo. Fui morrer em outro corpo, o meu não era forte o bastante. Fiz-me fraco. Errei duas vezes. Não volto. Fico estagnado no mesmo lugar. Espero-te novamente. A dor é grande a vontade de se ver livre de meu corpo também. Pífio e vulgar. As lágrimas de minha alma são depravadas. Sujo. Voltei pro meu nada. Voltei a ser humano. Voltei a ser quem nunca fui. Voltei pra minha ignorância.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O secreto

Procurei-me nos estragos em mim. Encontrei-me na majestade de minha alma e me perdi novamente. Fui esquecido nas memórias de meus inimigos, me escondi no sexo de meus amantes. E não paro de me buscar. Aventurei-me nas historias de meus livros preferidos, fui ao encontro do pecado mortal. Vi-me nos poros de meu rosto e me ceguei com tanta dúvida. Eu não estou lá, não estou onde me julgava estar, não fui o que me prometi e ainda sim surge um sorriso de minha face envergonhada. Eu quero ser o que está no espelho de meu quarto, eu quero abrir as portas de meus medos, eu quero mostrar o que me foi dado e só quero me perder novamente quando eu quiser. Quero ter o direito de chorar, de gritar de dor e de ouvir minhas musicas excêntricas. Não, eu não me decifrei ainda. Não sinto o peso do meu cadáver, nem a exclamação de meu silêncio. A muito de mim a ser descoberto e só o tempo será capaz de me contar as verdades de mim e me proteger do que me abisma.”