terça-feira, 10 de julho de 2012

Sem Título.


     Para ler ouvindo qualquer música do disco "A Fábrica Do Poema" de Adriana Calcanhotto


Hoje meu sonho é ser grande. Hoje meu plano é recalcular tudo que não ficou exato.
Cuidadosamente vou transformar o que eu sinto em obra concreta. Hoje será um dia difícil, á muito o que se fazer. Almejo força pra comete-lo.
Por isso vou desligar a luz do mundo, vou parar os relógios e vai ser noite e vai ser sábado. 
Vou deixar as metáforas, paradigmas se transformarem em simples palavras que não dizem nada.
Não vou admitir a frieza. Eu expulso o que não quer ficar mais.
Mudarei o alfabeto, os sinônimos das palavras, apagarei pensamentos, modificarei o que foi dito pra reafirmar o que não queria ter sido verbalizado pois foi induzido. 
Expor cicatrizes, descobrir as epidermes. Colar xícaras, colar sonhos.
Vou simular fugas, somar situações, eu quebro de novo o que foi inacabado pelo destino.
Deixo aparências mais latentes para que o desumano se mostre em vigor.
Reposiciono mascaras eu obedeço o que o ilimitado quer.
E antes que tudo isso aconteça eu vou sabotar o resultado pois ninguém merece minha escuridão além de mim.
Estarei talvez, roubando no meu próprio jogo mas na verdade é mentira pois não tenho o controle de nada.  Não seguro nada em minhas mãos a não ser um cigarro meio aceso meio apagado.
E o tempo se mistura á brasa queimando lentamente entre unhas e dedos estancados de sangue e suor.
Hoje não serei grande, não planejarei, não terei cuidado. Hoje eu apenas imagino o que poderia acontecer.
Minha única ousadia será dormir mais cedo e esperar o sono. 
Espero acordar menos triste ... e que tenham cuidado comigo.
Meus processos caules, meus momentos sujos, meu café permanece frio, meu âmago enfim descansa.



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